O abraço da figueira

Figueira do parque botânico

Figueira centenária é destaque na paisagem do Parque Botânico

A figueira centenária com copa e altura de mais de 20 metros é um grande espetáculo da natureza e está localizada logo na entrada da sede principal do Parque Botânico. Conhecida popularmente como figueira mata-pau, ela está “abraçando” uma paineira rosa e os visitantes podem conferir bem perto
esse ato.

Ao longo do tempo (isso poderá acontecer em décadas), a figueira irá estrangular a bela paineira rosa, que tanto encanta com suas flores cor de rosa e perfumadas. É um fato a se lamentar; contudo, é uma obra da natureza.

A figueira mata-pau, conhecida cientificamente como Fícus glabra, é uma espécie nativa de Campinas e região e, ocasionalmente, germina sobre outras árvores. Quando isso acontece, o sistema radicular – conjunto de raízes – se desenvolve rapidamente cresce em direção ao chão e ao mesmo tempo começa a ‘abraçar’ aquele tronco ou galho. Essas raízes penetram na planta hospedeira e passam a consumir, ‘roubar’ da água e dos seus nutrientes para se sustentar e a árvore hospedeira acaba morrendo estrangulada. Isso é o que está acontecendo com a figueira do Parque Botânico. “Há quem acredite que esse tipo de figueira é má em função dessa forma agressiva de retribuir a planta que a hospedou. Entretanto, basta entender a forma de vida delas para perceber que isso é uma obra da natureza”, explica a engenheira agrônoma Dionete Santin.

Uma figueira mata-pau pode crescer sem ser necessariamente sobre outra planta. “Normalmente, as sementes são disseminadas através das fezes de pássaros e morcegos que se alimentam de seus pequenos frutos. Tudo depende de onde sua semente, que tem cerca de um milímetro, inicia a germinação. Pode ser ou não sobre outra planta”, conclui Dionete.

O tronco da figueira do Parque Botânico apresenta marcas de uma história e também de uma podridão generalizada em um dos lados do tronco, que será tratada. “Vamos utilizar uma técnica conhecida como dendrocirurgia. Dendron deriva do grego e significa madeira; cirurgia é a parte da medicina que trata de lesões internas e externas. A figueira passará literalmente por uma cirurgia para se recuperar”, explica Dionete.

Matéria Revista Swiss Park, Edição Especial Casa Cor Campinas, 2010.

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